Fonte: O Câmera
Especial: Jornalista Amanda Melo
A família humilde de seu Cícero Raimundo Nascimento, de 79 anos chegou às manchetes nacionais depois de uma denúncia contra o aposentado. Um site de notícias relatou que ele mantinha o filho José Antônio do Nascimento, que é deficiente mental, em condições subumanas, trancado dentro de um cômodo da casa.
Fomos visitar a família que vive no pacato povoado de Ponta do Mel no município de Areia Branca, há cerca de 70 km de Mossoró. Todos estão indignados com a forma como a história foi contada.
“Eles vieram na minha casa, entraram, tiraram fotos, não me disseram nada e depois saiu em todo canto. Meu outro filho até pediu que eu não falasse mais nada para não prejudicar ainda mais minha família”, declarou Cícero Raimundo. Apesar de morar apenas com José Antônio, ele tem outros sete filhos. Sua aposentadoria é a única fonte de renda que possui para comprar os remédios do filho e para alimentação.
José Antônio passa a maior parte do tempo num quarto. Como não há portas na casa, o pai improvisou uma grade para evitar que ele fuja. Aqui ele se alimenta e recebe a medicação controlada receitada por um médico de Mossoró. Segundo familiares e vizinhos ele prefere ficar sozinho. O comportamento agressivo também levou o pai a optar pelo seu isolamento. Os outros filhos de Cícero temiam que durante uma crise José agredisse alguém.
“A gente tinha medo porque quando ele tem as crises ele fica agressivo. E se ele atacasse alguém? Quem ia ter que se responsabilizar? Era a gente”, explica Emanoel Amaro, filho de Cícero.
José já chegou a ser internado durante um ano no Hospital São Camilo em Mossoró, mas segundo o pai, o médico teria dito que a situação era irreversível. Para não ficar longe do filho, Cícero preferiu trazê-lo para casa.
O promotor da cidade de Areia Branca, Leonardo Cartacho informou que o Ministério Público tomou conhecimento do caso desde 2009. Nesse período, a promotoria já solicitou dois estudos sociais sobre a família e em nenhum deles foram apresentadas evidências de maus tratos contra José Antônio. Os relatos mostram apenas uma situação de extrema pobreza.
“Temos dois estudos sociais, um de 2009 e outro de 2011. Nenhum dos dois atesta essa situação. Dizem apenas que ele é agressivo em virtude dos problemas mentais. Acreditamos que isolar ele em um quarto foi uma medida extrema utilizada pela família para contê-lo.
O fato é grave, sabemos da situação de risco e já estamos tomando medidas para tentar solucionar o problema. Entramos em contato para tentar viabilizar internação em hospital responsável pelo tratamento dele”, informou o promotor.
O MP não prevê punições para o pai, pois entende que fatores como restrições financeiras e falta de instrução levaram Sr. Cícero a isolar o próprio filho. Os estudos sociais realizados não mostram maus tratos e os vizinhos confirmam essa versão. “Eu moro aqui há 60 anos, sou vizinho de Sr. Cícero e a gente sabe que ele não maltrata o filho não. Ele é uma pessoa muito boa”, conta Joaquim Ferreira, vizinho.
O promotor deverá se reunir agora com o prefeito da cidade de Areia Branca e também com a secretaria de saúde local. Juntos os órgãos querem achar uma solução para o problema. “Acreditamos que o pai seja mais uma vítima desse problema e nós solicitamos sua presença para que compareça ao MP para solucionar o mais rápido possível esse problema”, declara o promotor.
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