Páginas

domingo, 1 de janeiro de 2012

2011 Ano que deverá ser esquecido por familiares de pelo menos 185 pessoas mortas de forma violenta em Mossoró


Jornalista Amanda Melo Fonte: O Câmera

Quase duas mortes a cada três dias. Os números são impressionantes. O ano de 2011 deverá ser esquecido por familiares de 185 pessoas que foram mortas de forma violenta em Mossoró. Somente no mês de maio, o mais violento do ano, 27 pessoas foram mortas. Este ano a população de cerca de 260 mil habitantes viu a violência crescer de forma assustadora desde o início do ano. A cidade tranqüila do interior potiguar presenciou o ano mais violento de sua história. 

Foram mortas pessoas de todas as idades e sexos, acusados de envolvimento com drogas e diversos outros tipos de crimes. Também foram assassinadas pessoas supostamente inocentes e sem qualquer envolvimento com o mundo do crime. Para a promotoria, vidas que se transformaram em estatísticas a partir da falta de investimentos em segurança pública. 

“A cidade na verdade não cresceu, inchou e não foram feitos investimentos em segurança pública”, explica o promotor de justiça, Romero Marinho. O Instituto Técnico de Polícia Científica, o ITEP, foi um dos órgãos mais prejudicados pelo descaso. No dia 24 de agosto o adolescente Antonio Magno de Souza Silva, de 19 anos, permaneceu por mais de 4 horas caído no meio de uma rua à espera da equipe pericial. Nesse dia não havia motorista de plantão e os demais funcionários se recusaram a fazer a remoção, pois estavam com diárias e plantões atrasados. 

Os problemas atingiram também a Polícia Militar. Com efetivo e viaturas insuficientes para combater os crimes, foi preciso realizar diversas operações especiais ao longo do ano, contando com o apoio de policias de outras unidades. O comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar, Coronel Túlio César destacou a realização de operações como a que antecedeu o Mossoró Cidade Junina e também o BOPE do sertão, que trouxe viaturas e agentes do BOPE Natal para Mossoró. 

Mas, isso não foi suficiente. Com os agentes da polícia civil em greve durante 55 dias, as investigações dos crimes foram quase paralisadas. O Delegado de Polícia Civil Edvan Queiroz informou que “apesar de não terem ficado paradas, as investigações correram a passos lentos. Com certeza a greve atrapalhou bastante o trabalho da Polícia Civil”, admite. 

Além das mortes que chocaram a população, ocorrências como assaltos, arrombamentos e roubos de veículos, mudaram o comportamento dos moradores. Somente no mês de outubro o Ciosp registrou 1890 ocorrências dessa natureza. Em abril deste ano, um dos meses mais movimentados, foram registrados 282 roubos, quase 50% a mais do que no mesmo período de 2010, quando esse tipo de ocorrência não passou de 200 registros. 

O crescimento da violência foi atribuído por muitas pessoas à instalação do Presídio Federal na cidade. Muitos acusados de violência em outros estados da federação foram removidos para o presídio de Mossoró e com isso alterou o perfil da criminalidade na cidade. O principal deles, Fernandinho Beira Mar trazido para a unidade prisional em abril deste ano. A população passou a ter medo de seguir sua rotina normalmente. “A gente não pode mais sentar nas calçadas, não pode andar despreocupado pelas ruas. A gente fica com medo”, revela D. Maria Lúcia, doméstica. 

É preciso mudar de atitude, caso contrário, o que está ruim, pode piorar. Mas,como reverter esse quadro em 2012? A resposta pode estar na mudança de postura do governo. Instituições ligadas diretamente à segurança pública no município já se mobilizam para impedir que o caos continue avançando. 25 novas câmeras serão instaladas em vários bairros a partir do próximo ano e o Ciosp ganhará uma nova sede doada pela prefeitura municipal. 

Além disso, o poder público municipal deve contratar policiais militares de folga em um projeto que segue o exemplo do que é feito em São Paulo. “Os policias militares continuarão intensificando as ações no próximo ano tentando minimizar e combater essa violência”, garante o Coronel Túlio César. 

O Delegado Odilon Teodósio, bastante conhecido em Natal pela forma eficaz de combate ao tráfico de drogas, foi enviado em novembro para ser delegado regional em Mossoró. Ele chega para assumir a responsabilidade de tentar mudar o quadro de violência que se espalha pela cidade e traz ânimo para os mossoroenses que só querem de volta o antigo sossego. “Com certeza esperamos fazer um bom trabalho para que em 2012 possamos mudar esse quadro”, acredita o delegado.

Nenhum comentário: